Escolas municipais de Rio Preto aderiram à campanha de solidariedade às famílias vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul (RS). O movimento na rede surgiu de forma espontânea e cada unidade escolar contribui a seu modo.
Tem unidade, como a escola Prof. Daud Jorge Simão, que se tornou ponto de coleta para moradores da região de água mineral, mas a maioria realiza trabalho interno de conscientização de alunos e comunidade escolar para arrecadação de produtos que vão desde higiene pessoal, alimentos não perecíveis, itens de limpeza até absorventes e cobertores.
Já estão participando da ação solidária as seguintes unidades: EM Profa. Aparecida Homsi de Salles Cunha, EM Anazia José Bolçone, EEI Caminheiros do Além, EM Castelo do Bosque, EM Celeste Maria Almeida Gouveia – Unidade II, EM Profa. Célia Homsi de Melo, EM Prof. Cleophas Beltran Silvente, EM Dr. Cenobelino de Barros Serra ,EM Prof. Daud Jorge Simão, EM Dr. José Barbar Cury e EM Profa. Olga Mallouk Lopes da Silva.
Diante dessa mobilização e pelo volume de donativos enviados, a Defesa Civil de Rio Preto faz um apelo para que as escolas façam as entregas a partir de segunda-feira, 13/5, para melhor organização interna.
Nesta semana, a EM Prof. Cleophas Beltran Silvente, localizada na Vila Toninho, testemunhou uma iniciativa comovente por parte de seus alunos. Os estudantes dos 4° e 5° anos, sob a orientação de suas professoras, decidiram, por conta própria, agir em prol das vítimas das recentes enchentes que assolaram o estado do Rio Grande do Sul.
A ação dos alunos foi recebida com entusiasmo, sendo vista como um exemplo inspirador de solidariedade e espírito de liderança. A iniciativa surgiu na segunda-feira, quando os estudantes propuseram alterar a rotina escolar para buscar formas de auxiliar as populações atingidas pelas fortes chuvas no Sul do país.
A professora Kátia Regina Zani Lacerda, do 4° ano A, relatou que os alunos se sensibilizaram com as notícias e imagens impactantes veiculadas pela mídia. “As crianças demonstraram muito interesse em ajudar ao verem as notícias e as imagens chocantes dos resgates e da devastação causada pelas enchentes”, diz a professora.
Diante desse cenário, eles foram orientados sobre a possibilidade de contribuir mesmo à distância, culminando na decisão coletiva de promover uma campanha de arrecadação de donativos em toda a escola.
“Ao definirmos os itens a serem doados e organizarmos listas e cartazes para comunicar a todos, os alunos participaram de forma consciente e dedicada nessa atividade que resultaria em algo muito maior: solidariedade”, destacou a professora Kátia.
Além disso, a professora Amanda Dornellas, do 5º ano A, aproveitou a oportunidade para discutir em sala de aula o funcionamento das usinas hidrelétricas e o impacto das barragens nas inundações que afetaram diversas cidades do Rio Grande do Sul, bem como falar sobre a geografia da região.
“A confecção de cartazes para arrecadar doações iniciou-se na terça-feira, e os alunos ficaram entusiasmados. O resultado dessa solidariedade são as doações que estão chegando”, acrescentou a professora Amanda.
“Nós resolvemos ajudar o Rio Grande do Sul porque tem muita gente lá que está sumida, alagada, porque a cidade deles sumiu, virou rio. A doação é importante porque eles perderam tudo. Então, fizemos os cartazes porque muita gente quando lê guarda isso na cabeça e conta para os outros”, diz a aluna Emanuelle do 5º ano A.
“O pessoal do Rio Grande do Sul precisa muito da nossa ajuda, eles perderam roupas, comidas, perderam muita coisa”, diz a aluna Maria Alice, 4 º ano A, que também participa da campanha de arrecadação.
Elisangela Ferreira Prates de Albuquerque, coordenadora pedagógica da escola Prof. Cleophas Beltran Silvente, ficou feliz com a iniciativa uma vez que o tema permite trabalhar diversas disciplinas dentro de um contexto real e dentro do interesse dos alunos. Para a educadora, o mais importante de toda mobilização é a função social, principalmente no que diz respeito à formação de cidadãos íntegros e conscientes.
“Eu me sinto realizada dentro da função porque é o meu papel apoiar os professores, os alunos no desenvolvimento das aprendizagens, na organização e no planejamento. E quando os professores trazem uma proposta deste tipo, tão incrível, partindo das crianças isso me deixa feliz e realizada com o que a equipe escolar tem desenvolvido”, diz a coordenadora Elisangela.
O diretor da escola, Rafael Necchi, foi outro entusiasta. “Muito gratificante como gestor ver nossas crianças tomarem uma posição tão humana, demonstrarem preocupação com quem está precisando de apoio nesse momento. É uma campanha maravilhosa para ajudar quem necessita. Saber que eles não pensam apenas neles e que estão preocupados com os demais, deixa a gente orgulhoso, uma sensação gratificante”, diz o diretor Rafael.
Água potável
Outra unidade sensibilizada com a tragédia no Rio Grande do Sul e que está fazendo campanha de arrecadação de água mineral é a escola municipal Professor Daud Jorge Simão. A unidade se transformou em um ponto de coleta para arrecadação somente de água. As doações podem ser entregues nos portões de entrada da escola até o próximo sábado, dia 18/05. Mas atenção, só será aceito água lacrada, comprada. Não serão aceitas garrafas abertas porque não passam pelos critérios de doação.
Segundo a coordenadora pedagógica Liliane do Vale Lopes Palotta, os assuntos que impactam nossa sociedade não ficam de fora do contexto escolar, especialmente quando estão relacionados aos efeitos das mudanças climáticas e ao impacto na vida da população.
“Assim que chegaram as primeiras notícias das enchentes no Rio Grande do Sul, toda a equipe escolar ficou sensibilizada e o assunto passou a ser abordado com os alunos como tema transversal de ensino e seguindo as diretrizes de trabalho com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, explica a coordenadora.
De acordo com Liliane, diante da comoção de todos e da vontade de fazer algo para amenizar a situação, a professora Flávia sugeriu iniciar uma campanha solidária de arrecadação de água. “Os alunos adoraram a ideia e a comunidade está se mostrando extremamente parceira. Temos uma meta de 300 litros de água arrecadados (1 litro por aluno), mas acreditamos que ela será facilmente superada, porque todos estão muito engajados”, explica a coordenadora Liliane do Vale Lopes Palotta.
Para a psicóloga da Secretaria Municipal de Educação, Maria Clara Doretto Guaglini, é essencial proporcionar às crianças a oportunidade de refletir e agir diante de uma situação traumática que impacta toda a sociedade. “A ação solidária permite o exercício da empatia, da consciência social e da elaboração, ou seja, a capacidade de criar estratégias para lidar com as emoções que causam desconforto ou sofrimento. E estas são habilidades fundamentais para o bom desenvolvimento socioemocional das crianças”, explica ela.
Essa atitude de empatia e solidariedade demonstrada por parte dos alunos e profissionais das escolas municipais de Rio Preto são exemplos inspiradores do poder da união para superar momentos de grande dificuldade.