A disfunção erétil vai muito além do que um problema sexual. Um levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), por exemplo, aponta que cerca de 50% dos brasileiros, com mais de 40 anos, enfrentam algum tipo de disfunção. Em números absolutos, algo em torno de 16 milhões de homens. O quadro acende um sinal de alerta para a saúde mental masculina: baixa autoestima, ansiedade, estresse e isolamento social são fatores que contribuem para quadros graves de depressão, e podem estar relacionados à disfunção.
De acordo com o psiquiatra do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), de São Paulo, Michel Haddad, o ciclo entre frustração e saúde mental só se rompe com uma abordagem ampla. “É um sentimento comum entre os homens e que pode agravar quadros de depressão e ansiedade. Muitas vezes, notamos um círculo vicioso, ou seja, a dificuldade de conseguir uma ereção gera ansiedade que, por sua vez, piora o desempenho sexual”. Para reverter essa situação, o profissional investiga as possíveis causas clínicas, revê medicamentos psiquiátricos em uso que podem causar a disfunção e, se necessário, associa a psicoterapia à medicamentos específicos para a disfunção que ajudem a minimizar os efeitos colaterais.
Tabu entre eles
A barreira do estigma ainda é o maior desafio encontrado na rotina em consultório, o que dificulta a assertividade no diagnóstico. “A cada dez pacientes em tratamento, três podem apresentar algum grau de dificuldade sexual e disfunção, relacionados aos sintomas depressivos, especialmente aqueles que fazem uso de antidepressivos. Um cenário que vem crescendo entre homens cada vez mais jovens”, diz.
O equilíbrio entre tratamento psiquiátrico e vida sexual ativa pode trazer benefícios à saúde integral do paciente. Para isso, é essencial que os homens se sintam confortáveis em falar sobre suas dificuldades e que a abordagem médica sobre o tema seja humanizada e feita com naturalidade. “O mais importante é buscar ajuda médica. Com um tratamento adequado é possível obter estabilidade emocional e mais disposição. Uma vida sexual satisfatória fortalece vínculos afetivos, aumenta a autoestima e reduz o estresse”, conclui o psiquiatra, Michel Haddad.