Com a chegada de novembro e a proximidade do período de chuvas, aumenta o alerta para o risco de proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Especialistas ressaltam que este é o momento de reforçar as ações de prevenção e conscientização. Cuidados simples, como eliminar água acumulada em vasos de plantas, garrafas, calhas e recipientes jogados em quintais, são suficientes para impedir a formação de criadouros e evitar novos casos da doença.
A médica infectologista e docente do IDOMED, Silvia Fonseca, reforça que a atenção deve ser redobrada, especialmente com o aumento das temperaturas e das chuvas típicas do verão. “Existem quatro tipos do vírus da dengue, e todos podem causar doenças que variam de leves até muito graves, que necessitam de internação hospitalar. O tipo 2 costuma causar mais casos graves, mas qualquer um dos tipos pode levar a sérias complicações. Os sintomas são os mesmos para qualquer um deles, dor de cabeça, febre, dor nas articulações, vômitos e diarreia”, explica.
Silvia lembra que uma pessoa pode contrair a doença mais de uma vez ao longo da vida. “Quando a infecção acontece por um tipo diferente do anterior, há maior risco de evolução para formas graves. Por isso, é essencial redobrar os cuidados e ficar atento aos sinais de alerta, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos e tontura, que indicam necessidade de atendimento médico imediato”, acrescenta.
A infectologista também destaca a importância da vacinação, que está disponível na rede pública. O Dia D de Vacinação contra a dengue e o HPV será realizado neste sábado, dia 8, e está destinado a quem ainda não recebeu as doses. A vacina contra a dengue é indicada para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, enquanto o imunizante contra o HPV será aplicado em jovens de 15 a 19 anos. A Secretaria da Saúde alerta que, com a previsão de aumento na circulação do mosquito transmissor da dengue, a vacinação torna-se fundamental para prevenir casos graves da doença e evitar internações.
Atualmente, a cobertura da primeira dose da vacina contra a dengue em Ribeirão Preto atinge 77,3%, enquanto a segunda dose está em 31,3%. Desde o início do ano, o município já registrou 21.470 casos confirmados da doença. Para a proteção completa, ambas as doses são necessárias.
Além da prevenção à dengue, o município também destaca a importância da imunização contra o HPV, vírus ligado ao surgimento de diversos tipos de câncer, incluindo de colo do útero, garganta e pênis. Embora esteja incluída no calendário nacional de vacinação, a adesão ainda é considerada baixa em algumas faixas etárias. Em Ribeirão Preto, a cobertura vacinal contra o HPV é de 73,8% entre meninas e 61,4% entre meninos.
O professor de Agronomia do Unitoledo Wyden, Zeca Pansonato, explica que o período chuvoso favorece a multiplicação do mosquito Aedes aegypti, especialmente em ambientes onde há acúmulo de água limpa. “Com o calor e a umidade, qualquer pequeno recipiente pode se transformar em um criadouro. Por isso, é importante que a população mantenha quintais, calhas e áreas externas sempre limpas e sem objetos que retenham água”, orienta.
O especialista destaca que o combate à dengue também envolve o cuidado com o meio ambiente e o manejo adequado dos espaços urbanos e rurais. “A prevenção é um ato coletivo. O descarte correto do lixo, o reaproveitamento de materiais e a manutenção da drenagem do solo são ações que ajudam a evitar não só a dengue, mas outros problemas relacionados à saúde e ao saneamento”, reforça Pansonato.
De acordo com o professor, mais do que eliminar focos do mosquito, é necessário adotar uma rotina de vigilância permanente. “As ações de prevenção precisam ser incorporadas ao dia a dia. Pequenas atitudes, quando realizadas de forma contínua, fazem toda a diferença na redução dos casos e na proteção da comunidade”, conclui.




