O parto prematuro, quando o bebê nasce antes da 37ª semana de gestação, é hoje a principal causa global de mortalidade infantil antes dos cinco anos de idade. No Brasil, a situação é preocupante: o país ocupa a 10ª posição no ranking mundial de nascimentos prematuros, com cerca de 340 mil casos por ano, segundo o Ministério da Saúde. Isso equivale a seis bebês nascendo antes do tempo a cada dez minutos.
Com o tema “Garanta aos prematuros começos saudáveis para futuros brilhantes”, a campanha Novembro Roxo, que tem o dia 17 de novembro como o Dia Mundial da Prematuridade, busca sensibilizar a sociedade sobre as causas, consequências e formas de prevenção do parto prematuro. A iniciativa também pretende mobilizar gestores públicos, profissionais de saúde e famílias em torno de um cuidado mais integral e humanizado aos bebês que chegam antes da hora.
A pediatra Gabriela Marcatto afirma que todo mundo é tocado pela prematuridade de alguma forma. “Mesmo quem não tem um bebê prematuro na família é afetado, porque estamos falando da principal causa de mortalidade infantil no Brasil e de um impacto enorme nos sistemas de saúde”, destaca a pediatra Gabriela Marcatto. “Por isso, precisamos unir esforços para mudar esse cenário e garantir mais qualidade de vida desde o nascimento.”
Cerca de 60% dos partos prematuros acontecem de forma espontânea, geralmente por complicações durante a gestação. Entre os fatores de risco estão a gravidez na adolescência, condições maternas como hipertensão e diabetes, infecções, uso de álcool, cigarro e drogas ilícitas, além da falta de acompanhamento pré-natal adequado.
Outros 40% dos casos estão ligados a intervenções médicas, como cesarianas eletivas sem indicação clínica. “Precisamos rever o modelo de assistência obstétrica no país e reduzir as cesáreas desnecessárias. Cada semana a mais no útero é fundamental para o desenvolvimento do bebê”, reforça a pediatra.
Os bebês que nascem antes do tempo são mais vulneráveis porque recebem menos anticorpos da mãe durante a gestação e têm o sistema imunológico imaturo. “Esses recém-nascidos correm maior risco de infecções e doenças respiratórias, como bronquiolite e gripe. Por isso, a vacinação é ainda mais essencial”, explica Marcatto.
Além disso, a pediatra lembra que a assistência neonatal de qualidade é decisiva para reduzir a mortalidade. “Com protocolos bem estruturados e equipes qualificadas, é possível garantir um início de vida mais seguro e saudável, impactando positivamente toda a sociedade”, diz.
Para a médica, o cuidado com o recém-nascido prematuro vai muito além da tecnologia e das incubadoras. “O contato pele a pele entre mãe e bebê, o cheiro, a voz e o batimento cardíaco trazem benefícios comprovados para o desenvolvimento físico e emocional. Esse vínculo imediato pode fazer diferença para toda a vida”, explica.
O chamado método canguru, que preconiza essa aproximação entre mãe e bebê, é considerado uma das práticas mais eficazes na humanização da assistência neonatal. “Sabemos que cada caso é único, mas sempre que possível devemos permitir esse contato precoce. Ele favorece a amamentação, estabiliza os sinais vitais e fortalece o vínculo afetivo”, completa Gabriela.
Mobilização global
O Novembro Roxo é parte de uma mobilização mundial liderada pela Aliança Global para o Cuidado do Recém-nascido (GLANCE), em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Unicef. Em todo o mundo, 1 a cada 10 bebês nasce prematuro, o que representa cerca de 15 milhões de crianças por ano.
No Brasil, diversas instituições e prefeituras promovem ações de conscientização durante todo o mês, como palestras, caminhadas, eventos educativos e a tradicional iluminação de monumentos e prédios públicos na cor roxa, símbolo da campanha. O roxo representa sensibilidade, individualidade e transformação, características que refletem a jornada de superação dos bebês que chegam antes do tempo.




