O professor da USP com especialidade em Fisiologia do Exercício, José Carlos Farah, explica que a insônia ou as noites mal dormidas afetam muito o nosso dia a dia e é um problema de saúde. “Segundo dados da OMS, 40% da população mundial não dorme como gostaria e sofre de algum distúrbio do sono. Por definição, o sono é a ausência de vigília, a diminuição do metabolismo e o relaxamento muscular, apresentando só atividade voluntária, como a circulação e ondas cerebrais. Quem dorme mal acorda mal e passa o dia mal”, diz.
Farah diz que o sono é necessário para recompor as energias. É neste momento que o corpo libera hormônios, como a serotonina, melatonina, adrenalina, a noradrenalina, entre outros, que têm a função principal de relaxamento, reparação e a melhora na qualidade do sono. Um sono de qualidade, de acordo com o professor, está diretamente relacionado com melhor disposição durante o dia, concentração, memória e redução do risco de doenças. Ao contrário, uma noite mal dormida pode causar irritabilidade, déficit de memória e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas. As horas de sono recomendadas variam de pessoa para pessoa e podem variar de seis a oito horas.
O importante, segundo Farah, é regular o sono e ter qualidade do sono e não a quantidade. Em um trabalho muito interessante, relacionando a prática da atividade física e a qualidade do sono, uma pessoa sendo monitorada durante o sono dormiu durante oito horas e teve mais interrupções durante o sono do que quando a mesma pessoa realizou exercício físico e dormiu seis horas e teve menos interrupções durante o sono. Dormiu menos, mas dormiu melhor.
O sono de pessoas que praticam atividade física, seja qual for, é mais profundo e restaurador, devido aos mecanismos de regulação do organismo. Assim, quem pratica atividade física dorme melhor. Todo o gasto de energia utilizado durante o dia é reposto durante o sono. O sono mais prolongado e profundo possibilita descanso maior, mais disposição e melhora as funções cognitivas. Muito importante lembrar que a prática da atividade física ajuda em um sono restaurador, mas não resolve todo tipo de distúrbio do sono e problemas nos casos crônicos de insônia. Nestes casos é necessário ajuda profissional.
Outro fator importante que o professor destaca é que a atividade física deve ser praticada regularmente e pelo menos quatro horas antes de dormir. “Se não ficamos muito agitados, e também os aspectos emocionais, como preocupação e ansiedade, são importantes. Na hora do sono é preciso desligar. É como tivéssemos usando um boné o dia todo e na hora de dormir tiramos da cabeça e o colocamos do lado. É difícil, mas podemos tentar”, afirma.