Criada em 1993 e localizada nos municípios de Rio Preto e Mirassol, em área de 169 hectares de domínio do Estado, a Estação Ecológica do Noroeste Paulista (EENP), se revela mais que um refúgio verde: é o santuário de mais de 500 espécies, ao menos 25 delas classificadas em algum tipo de ameaça.
A estação tem como finalidade assegurar a integridade dos ecossistemas e da fauna e flora nela existentes, bem como sua utilização para fins educacionais e científicos. Encontra-se dentro da área da Floresta Estadual do Noroeste Paulista (FENP), mas há uma diferença fundamental entre elas: o grau de proteção.
Assim como retratado na matéria anterior da série “Refúgio Verde”, sobre o território do antigo Instituto Penal Agrícola (IPA) e seu entorno, a área da floresta permite maior atividade humana e está sendo preparada para isso, com planos para ser um local de passeio e prática esportiva no futuro. Diferente da Estação Ecológica, instituída pela Lei 8.316, de 5 de junho de 1993, em iniciativa do então deputado estadual Edinho Araújo, para atividades restritas e controladas.
“A Estação Ecológica é uma área delimitada e categorizada por lei como a unidade de conservação, com o maior nível de proteção estabelecido pela legislação. Então é um local reservado apenas para preservação, pesquisa científica e para educação ambiental. Nenhum outro tipo de atividade pode ser admitido nessas áreas”, afirma o professor Luís Henrique Branco.
O professor participou da elaboração do plano de manejo da área e atua no departamento de ciências biológicas do Ibilce, campus da Unesp em Rio Preto. É este plano de manejo, aliás, que traz de maneira mais detalhada as espécies existentes e preservadas na Ecológica do Noroeste Paulista.
O estudo da flora identificou 305 espécies, de 79 famílias. Cinco delas são vulneráveis à extinção: a periquiteira (Alternanthera micrantha), a canela (Nectandra cissiflora), o jequibá-rosa (Cariniana legalis), o cedro-rosa (Cedrella fissilis) e o agrião-d’água Heteranthera reniformis.
Entre os animais mamíferos, foram registradas 110 espécies, 11 delas ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo. Entre elas estão o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), o bugio-preto (Alouatta caraya), o morcego-vampiro (Diaemus youngi), a jaguatirica (Leopardus pardalis), a onça-parda (Puma concolor) e o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus).
O estudo registrou 102 espécies de aves na área da estação, oito delas também ameaçadas de extinção no Estado, como a perdiz (Rhynchotus rufescens), o udude-coroa-azul (Momotus momota), o tuiuiú (Jabiru mycteria) e o chorozinho-de-bico-comprido (Herpsilochomus longirostris).
O crescimento das áreas urbanas permanece como uma das ameaças à área, amenizada com o estabelecimento de uma zona de amortecimento de 2.150 hectares no entorno da unidade de conservação, a fim de minimizar os impactos negativos de atividades humanas. Por outro lado, há muitas potencialidades, como ser uma das poucas áreas protegidas no noroeste do Estado de São Paulo e a possibilidade de desenvolver atividades de educação ambiental.
“Dependendo do que for plantado naquela região, por exemplo, é possível proteger a área e ainda acumular créditos de carbono, que se convertem em recursos financeiros”, explica Branco.
Outro potencial da EENP é o desenvolvimento de pesquisa científica, algo que já acontece de maneira sistemática naquela região por meio do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental, unidade do Instituto de Pesca, e do Centro Avançado de Pesquisa em Pecuária Sustentável, do Instituto de Zootecnia.