O Sesc Rio Preto recebe na sexta-feira, dia 24 de maio, às 21h, e no sábado, dia 25, às 20h, o espetáculo teatral Vestido de Noiva, montagem do Grupo Oficcina Multimédia, de Belo Horizonte (MG), com direção de Ione de Medeiros, que pelo trabalho recebeu o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), na categoria melhor direção. Para a primeira sessão, os ingressos estão esgotados.
Além das apresentações, no domingo, dia 26, das 14h às 16h, a diretora e o GOM conduzem a oficina gratuita “A Prática da Rítmica Corporal”, com foco em músicos, atores, bailarinos e estudantes de música e artes cênicas.
Mantendo a dramaturgia original de Nelson Rodrigues (1912-1980), o espetáculo mescla realidade, memória e alucinação para contar a triste jornada da personagem Alaíde. Escrita em 1943, a peça, que deu início ao processo de modernização do teatro brasileiro, mantém-se atual: o que poderia parecer um drama familiar revela-se uma tragédia de alcance universal.
O ponto de partida de Vestido de Noiva é a história de Alaíde, que após ser atropelada por um carro em alta velocidade se vê numa mesa de cirurgia, entre a vida e a morte. A trama se desenrola a partir desta cena, utilizando em sua dramaturgia e cenário três planos que se intercalam: o da realidade, o da alucinação e o da memória.
O plano da realidade é tratado pelo fato de Alaíde estar em uma mesa de cirurgia com diagnósticos médicos, procedimentos cirúrgicos e tensões refletidas a partir de um ambiente frio composto basicamente de cadeiras, mesas e macas hospitalares de aço inox nas cores prata, branco e preto.
No plano das alucinações, Alaíde passa a debater com a enigmática Madame Clessi em busca de reconstruir sua própria identidade. Já nos momentos de memória, a personagem se depara com sua história familiar e a conturbada relação com a irmã e o marido. No espetáculo, um narrador em vídeo conduz a história e ajuda o público a ir conectando peças como num quebra-cabeça.
O elenco conta com Camila Felix, Henrique Torres Mourão, Jonnatha Horta Fortes, Júnio de Carvalho, Priscila Natany e Victor Velloso. Atores e atrizes se revezam nas cenas entre personagens masculinos e femininos, sem distinção de sexo, numa performance que dá continuidade à proposta de duplos e trios, a exemplo do espetáculo anterior da companhia, Boca de Ouro (2018/2019), texto do mesmo dramaturgo.
O espetáculo incorpora soluções cênicas que são marcas do GOM, como as movimentações de cenário e objetos. O material cênico possui rodinhas e alturas variadas, o que possibilita aos atores se posicionarem em níveis diferentes, conferindo à cena uma atmosfera de flutuação e, ao cenário, uma mobilidade fluida. Além disso, a narrativa dialoga entre o texto, o vídeo, o material cênico, a trilha sonora e as coreografias, algumas vezes separadamente, outras em ações simultâneas.
O espetáculo Vestido de Noiva do Grupo Oficcina Multimédia conta com o apoio institucional do Banco do Brasil.
Oficina
Intitulada “A Prática da Rítmica Corporal”, a oficina gratuita que acontece no domingo no Sesc Rio Preto com Ione de Medeiros e o GOM visa a desenvolver, por meio de práticas coletivas, a percepção do tempo presente, a consciência corporal e a desenvoltura de músicos, atores, bailarinos e estudantes de música e artes cênicas. Serão realizados exercícios pautados em estímulos rítmicos, utilizando o pulso como referência inicial. Sob esta perspectiva, os exercícios incluem sons vocais, textos, batimentos corporais, dissociação de gestos, movimentos e deslocamento pelo espaço, além do uso de objetos do cotidiano.
Sobre o GOM
O Grupo Oficcina Multimédia, da Fundação de Educação Artística, foi criado em 1977, pelo compositor Rufo Herrera. Sob a direção de Ione de Medeiros desde 1983, o Grupo montou 24 espetáculos configurando um perfil multimeios sempre fiel à experimentação e ao compromisso com o risco. Paralelamente, o GOM realiza em Belo Horizonte os eventos culturais Bloomsday, Bienal dos Piores Poemas e Verão Arte Contemporânea. No ano de 2024, completa 47 anos de atuação cultural ininterrupta. Vestido de Noiva, sua 24ª montagem, dá continuidade a uma proposta de imersão na obra de Nelson Rodrigues, iniciada com Boca de Ouro (2018/2019). Recentemente, Ione de Medeiros lançou um livro contando a trajetória do Grupo pelo selo Lucias, da SP Escola de Teatro.
Ficha técnica:
Direção, concepção cenográfica e figurino: Ione de Medeiros
Assistência de direção, figurino e preparação corporal: Jonnatha Horta Fortes
Elenco: Camila Felix, Henrique Torres Mourão, Jonnatha Horta Fortes, Júnio de Carvalho, Priscila Natany e Victor Velloso
Elenco em vídeo: Alana Aquino, Heloisa Mandareli, Henrique Torres Mourão, Hyu Oliveira, Jonnatha Horta Fortes e Thiago Meira
Texto: Nelson Rodrigues
Criação de luz: Bruno Cerezoli
Montagem e operação de luz: Ana Quintas, Jésus Lataliza e Wellington Baiano
Concepção de trilha sonora: Francisco Cesar e Ione de Medeiros
Mixagem e finalização de áudio: Henrique Staino | Sem Rumo Projetos Audiovisuais
Operação de Trilha Sonora: Eduardo Shiiti
Vídeo – concepção e edição: Henrique Torres Mourão e Ione de Medeiros
Finalização de vídeo: Daniel Silva
Citações no vídeo: Performance “Ophelia”, vídeo de Gabriela Greeb |”Ondina”, performance de Luanna Jimenes, vídeo de Gabriela Greeb |Coreografia “Tango Queer” – Tango Fem Buenos Aires (Nancy Ramírez y Yuko Artak)
Operação de vídeo: Daniel Silva e Sérgio Salomão
Projeto gráfico espetáculo: Adriana Peliano
Projeto gráfico portifólio: Sérgio Salomão
Fotografia: Netun Lima
Produção: Oficcina Multimédia
Produção SP: Corpo Rastreado
Sinopse:
Vestido de Noiva é uma peça teatral de Nelson Rodrigues na qual o autor mescla realidade, memória e alucinação para contar a triste história de Alaíde. Após ser atropelada por um carro em alta velocidade, ela é hospitalizada em estado de choque. Na mesa de cirurgia, oscilando entre a vida e a morte, a mente de Alaíde visa reconstruir sua própria história, e aos poucos seus sonhos inconscientes e desejos mais inconfessáveis vêm à tona. Quem vai ajudá-la nesse processo é a enigmática Madame Clessi. Juntando as peças desse quebra-cabeça, ela conduz Alaíde na busca pela reconfiguração de sua própria identidade. Vestido de Noiva, escrita em 1943, mantém-se atual: o que poderia parecer um drama familiar revela-se uma tragédia de alcance universal. Nessa obra, dividida em três atos, Nelson Rodrigues conta uma história a partir da análise do interior da mente da personagem, ou seja, de seu espírito, de sua psique, de sua alma.