A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) enviou aos dez candidatos que concorrem ao cargo de governador de São Paulo, um ofício em que cobra compromisso com “demandas urgentes” para a “sobrevivência dos Institutos de Pesquisa”. A entidade representa cientistas de 17 órgãos estaduais ligados à Agricultura, Infraestrutura e Meio Ambiente, Saúde e Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde – incluindo o Instituto Butantan – responsável pela produção de vacinas durante a pandemia de COVID-19, e diz que a situação atual dos “Institutos de Pesquisa é lamentável e injusta”.
“A APqC acredita que se chegou a essa situação de desmonte dos Institutos devido a insistente priorização de indicações políticas, em detrimento de indicações técnicas para a composição das diferentes Secretarias, Subsecretarias, Direção de Institutos”, diz o documento, que elenca os principais problemas que impactam a produção de ciência no Estado.
Segundo a associação, em 2021, 8,4 mil cargos para Pesquisador Científico, Assistente Técnico e Classes de Apoio estavam vagos, mais que o dobro dos 3,1 mil da ativa. “A reposição dos quadros com contratação de pessoal para ocupar os cargos vagos é essencial para evitar a perda de know-how estabelecidos dentro dos Institutos ao longo de décadas de investimento”.
O documento também contesta e pede para que seja revertida a extinção do Instituto Florestal, que tinha mais de 100 anos e uma trajetória de contribuição para o desenvolvimento do Estado, e da Superintendência no Controle de Endemias (Sucen), importante no combate à doenças como dengue, zica e chikungunya, além da fusão dos Institutos de Botânica e Geológico para criação do Instituto de Pesquisas Ambientais. A entidade diz ainda que, entre 2013 e 2022, o salário dos servidores da “Série de Classes de Pesquisador Científico foram reajustados em 13,85% e a inflação acumulada no período foi de 70,80% (INPC)”.
“É preciso que haja investimento para atrair pesquisadores para a carreira, do contrário assistiremos a um apagão de conhecimento justamente em um momento decisivo para a história do país, em que os Institutos de Pesquisa podem contribuir para ampliar a competitividade, produzindo tecnologia e contribuindo para o desenvolvimento sustentável do Estado, como fizeram nas últimas décadas, seja na agricultura, no meio ambiente ou na saúde”, afirma Patricia Bianca Clissa, presidente da APqC.
O ofício, de seis páginas, traz outras reivindicações, como plano de carreira para as classes de apoio, criação por Lei o Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia (CONCITE), ativação do Conselho das Instituições de Pesquisa do Estado de São Paulo (CONSIP), reestruturação do Conselho Superior da FAPESP, preservação do patrimônio físico, cultural e científico dos museus, institutos e centros de pesquisa, como prevê a Constituição do Estado, e compromisso em garantir o caráter público da Ciência e Tecnologia dos Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo, dentre outros pontos.
Tenha a íntegra do documento neste link.
Mais informações no site a APqC: https://www.apqc.org.br/