Basta uma ida ao supermercado para entender que os preços subiram, mas o salário não acompanha essa disparada. Veículos, comida, roupas, equipamentos eletrônicos, móveis, eletrodomésticos. A lista é grande de tudo aquilo que consumimos.
A água e as comidas também subiram, porque utilizam caminhões no transporte. A energia elétrica também está mais cara, visto que a produção dela também aumentou.
O especialista da Ótris Soluções Financeiras, Caio Katayama, dá dicas de como driblar a inflação e seguir o melhor caminho para ter uma vida financeira saudável. Ele mostra que é possível até sobrar para começar a investir.
Primeiro Passo
O primeiro passo é distinguir a pessoa assalariada da pessoa que é profissional liberal ou que é microempresário. O assalariado precisa entender o conceito de poupança. O ideal seria separar um terço da renda. Para aqueles que não conseguem, pelo menos o mínimo de 10% da sua renda líquida deveria ser guardado na poupança ou outra aplicação financeira.
Se você tiver um pouco mais de conhecimento, pode escolher um fundo de baixo risco. Em um período de 10 a 12 meses ele pode acumular um salário, uma renda a mais, a qual dará um poder aquisitivo para negociações de compras de consumo ou também para amortização de qualquer tipo de endividamento.
Com relação ao profissional liberal que sofre com a sazonalidade, ou seja, tem aquele mês que ele recebe mais, tem mês que recebe menos, é muito importante ter na ponta do lápis um consumo mínimo, que seria a “cesta básica” dele. É óbvio que quem ganha mais é importante que guarde mais. Esse valor que guardou pode ajudar a sustentá-lo nesse período.
Como empresa, é importante que se faça provisão de caixa. É recomendável sempre ter uma aplicação financeira de emergência. Nesse caso, um fundo de resgate automático.
Dívida
Se for uma dívida bancária muito pouco poderá ser feito, visto que ter poder para negociar com o banco quando você tem apenas uma fração da sua renda para poder amortizar a dívida não resolve. Infelizmente a rede bancária acaba tendo uma inflexibilidade porque o juro é o ganho do banco.
Agora se a natureza da dívida for bem de consumo, comércio, indústria ou serviços, recomendo que você entre em contato com os credores. Muitas vezes eles vão liberar as correções que seriam os juros de mora. Muitos desses credores acabam dando descontos reais.
Educação Financeira
Vamos separar a parte financeira da educação. Uma pessoa educada é aquela pessoa que respeita os seus limites próprios e os limites dos outros. Você vai gastar de acordo com a sua renda. Então educação financeira nada mais é do que um comportamento do consumidor ou da empresa em relação aos seus compromissos financeiros.
Para os primeiros passos na educação financeira, você tem de respeitar os limites da sua renda e não fazer consumo ou endividamento além da capacidade de pagamento.
Não leve o cartão de crédito ou débito quando sair de casa. Leve apenas os seus documentos pessoais e não seja seduzido pelas propagandas e oportunidades que a princípio parecem ser vantajosas. O primeiro passo da educação financeira se chama respeito e disciplina. Isso só é obtido a partir de regras que você determina, a partir da tua renda, e a partir da tua necessidade.
Orçamento Pessoal e Profissional
Com o aumento do desemprego, muita gente começou a construir o próprio negócio.
Um erro comum é misturar o dinheiro pessoal com o da empresa. Uma renda não pode se misturar com a outra.
A pessoa tem que viver com o chamado pró-labore, ou seja, com a retirada que lhe é destinada todo mês.
O restante do dinheiro é da empresa e tem que ser usado em benefício e crescimento dela. É importante determinar um salário para você e saber investir o restante do dinheiro da empresa.
Separar as contas pessoais das contas da empresa é muito importante para a saúde financeira de ambos.
Investimento e Reserva
Investimento e reserva são duas coisas diferentes. Quando se fala em investimento, nós falamos de sobra, que é aquilo que, por pior que seja a situação que você passe, você tem um dinheiro e não precisa contar com ele. Nós chamamos isso de investimento. Com essa “sobra” você busca alternativas no mercado financeiro para fazê-lo render. Uma outra forma que muita gente utiliza é investir em imóveis, ou em caso de empresa, investem em estoque, por exemplo.
Já os recursos de emergência nós chamamos de provisão. É óbvio que se você quer deixar uma parte disponível para emergência, esse valor disponível não pode estar numa aplicação a longo prazo. Se é uma emergência, como você vai sacar esse dinheiro? É importante deixar o dinheiro onde possa ser resgatado a qualquer momento.
Metas e Planejamentos
Educação financeira faz parte disso. Se você tem total controle da sua renda e dos seus gastos, então você tem capacidade de determinar metas e fazer planejamentos. Quando você, por exemplo, já tem a sua moradia ou paga aluguel que é suportável dentro da sua renda, mas você tem eletrodomésticos antigos e tem condições de trocar por alguns mais modernos e econômicos, então pode se organizar para trocá-los de forma gradativa, sem comprometer o orçamento e a médio prazo economizar energia elétrica por exemplo. Com menos gasto com energia, sobra dinheiro que pode de alguma forma ser investido.
Mudança de Hábitos
Para que todas as dicas já citadas tenham resultado, é preciso abandonar velhos hábitos que colocam você em situação complicada. A chamada ansiedade de consumo precisa ser tratada. Sabe aquele hábito de almoçar ou jantar fora todos os dias? Ele pode ser mudado com refeições em casa, por exemplo. Isso gera uma economia e a médio prazo já se vê alguma diferença no orçamento.
A partir do momento que tem esse domínio, você começa a criar o seu planejamento e cumpri-lo. Esse domínio tem que estar acompanhado de esforço. É preciso respeitar as regras que você mesmo adotou. Tente guardar um terço da sua renda, ou de 10% a 30%, ou aquilo que caiba no seu orçamento neste momento.
Dica de ouro
Você se lembra daquele porquinho que muita gente ganha em agências bancárias para poupar moedinhas? Se você reparar viu que ele não existe mais. O hábito de poupar foi substituído, pelos bancos, pelo empréstimo fácil. Dar o exemplo é fundamental para que as crianças e jovens sejam adultos financeiramente responsáveis.
Oriente seus filhos para que não peguem empréstimo desnecessariamente. Se for dar um cartão de crédito a eles, explique as responsabilidades e deixe claro as consequências de um consumo desenfreado.
Crie uma cultura saudável do “cofrinho”, da poupança. O exemplo é o melhor caminho para um adulto responsável com o dinheiro.