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Diagnóstico tardio da osteoporose em homens prejudica tratamento

Muitas pessoas convivem durante anos com doenças que nem sabem ter. Como os sintomas demoram a aparecer, o diagnóstico acaba sendo tardio, o que traz prejuízos para o tratamento. Essas são as chamadas doenças silenciosas, que vão evoluindo de forma imperceptível, sem fazer barulho, mas, quando surgem, podem gerar sérias complicações. Exemplo disso é a osteoporose.

A osteoporose é uma doença caracterizada pela redução da massa óssea e que atinge entre 10 milhões e 15 milhões de brasileiros, segundo estimativas do Ministério da Saúde, com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela atinge principalmente mulheres após a menopausa, em função da queda nos níveis do hormônio feminino, o estrogênio. No entanto, em homens pode trazer complicações mais sérias porque, em geral, eles tendem a descobrir a doença mais tarde, em estágio mais avançado.

“O osso tem uma consistência, de densidade, de dureza. Com o tempo ele vai perdendo isso e ficando frágil”, explicou Marco Antonio Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia. “Se você tem alguma doença inflamatória – como reumática, por exemplo – ou outra como diabetes ou asma, esses ossos vão perdendo ainda mais cálcio, ficando mais frágeis. E alguns medicamentos também diminuem essa dureza do osso, como corticoides e anticoagulantes. Osteoporose é essa fragilidade óssea que leva a uma fratura”.

Em entrevista à Agência Brasil, durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia, que vai até este sábado (7) em Goiânia (GO), Loures disse que em homens, a incidência da osteoporose costuma ser menor que em mulheres. No entanto, destacou, homens também podem desenvolver a doença. E o agravante é que, em geral, o homem costuma demorar a buscar tratamento.

“O homem, de forma geral, é mais resistente [a procurar um médico]. A mulher, desde a adolescência, procura mais os serviços médicos do que os homens. Mas, felizmente, isso está mudando, a sociedade está mudando”, destacou.

Um dos problemas em se buscar um médico mais tardiamente é o fato de que a doença vai evoluindo. Com isso, o tratamento pode ficar prejudicado. “Sempre faço essa comparação entre uma vela e uma chama. Se é uma vela só, você a apaga rapidinho. Mas se essa vela causa chama na sala, fica mais difícil de apagar. Se pegar fogo na casa toda, fica ainda mais difícil para apagar [a chama]. E isso causa ainda mais danos. Se você tem uma articulação pequena, fica mais fácil tratar. Mas se você tiver duas ou três articulações [com problemas], vai ficando mais difícil”, exemplificou. “Quanto mais partes ou órgãos do corpo [comprometidas], mais difícil é o tratamento”, acrescentou.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, por isso é importante que o diagnóstico seja feito precocemente. “Se uma mulher de 35 anos tem uma fratura, tem que pesquisar por que ela quebrou aquele osso, para saber se foi só uma queda, um trauma ou se tem uma doença de base, que pode ser por falta de hormônio feminino ou doença crônica associada”, afirmou

O mesmo vale para os homens. “Se ele tiver uma fratura antes dos 70 anos, deve procurar um reumatologista, um endocrinologista ou mesmo um ortopedista para fazer uma densitometria óssea. Também é preciso analisar se está tomando medicamentos que levam à perda de osso como corticoides ou algum que produza a osteoporose. Se ele for fumante ou tomar muito álcool seguidamente, também deve procurar um médico com antecedência. Se também não faz exercício, deve procurar um médico precocemente”, explicou.

Loures lembrou que o tratamento para a osteoporose está disponível a todas as pessoas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). E que as pessoas podem se prevenir contra a doença evitando o uso de cigarros, mantendo uma alimentação saudável e praticando atividade física. “Temos hoje medidas não só para tratar a doença, como para preveni-la. Se você não trata a doença, ela vai progredindo. E mesmo as vezes tratando, ela pode progredir, mas em intensidade menor. Se você não tratar, ela progride muito mais, levando a fraturas e consequências desagradáveis”.

Mariana Lachi
Mariana Lachi
Mariana Lachi - Jornalista com formação em Comunicação Social e Pedagoga. Experiência em um pouquinho de tudo: TV, rádio, revista, assessoria de imprensa e jornal impresso. Atua há mais de 20 anos com mídia.
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