As antas fêmeas Melancia e Castanha cumprem período de aclimatação na Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA), no município de Cachoeiras de Macacu, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. No dia 19, os dois animais foram levados do Zoológico de Rio Preto rumo ao destino carioca. Chegaram no dia 20, pela manhã, após percorrer mais de 900 quilômetros de distância, com parada em São Carlos para embarque de mais um animal, e descanso noturno.
O diretor-executivo do Refauna, Marcelo Rheingantz, informa que, nos primeiros dias, os animais recém-chegados passaram por uma bateria de exames sorológicos, para detectar possíveis patologias, hemogramas e testes bioquímicos. Além disso, há ainda a suspeita de que Melancia tenha saído de Rio Preto com um filhote na barriga. “Estamos em contato com o veterinário para realizar uma ultrassonografia e constatar se mais um filhote nascerá em breve”, afirma Rheingantz, que também é biólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O Refauna é o responsável pela operação, em parceria com o BioParque do Rio, o Instituto de Ação Socioambiental, a Petrobras e a Reserva Ecológica de Guapiaçu. Um dos projetos é a reintrodução das antas (Tapirus terrestris) na REGUA, que começou em 2017 com três animais e atualmente conta com 17 indivíduos, sendo quatro nascidos em vida livre.
Melancia e Juninho
Melancia e Castanha foram escolhidas por não serem irmãs nem terem o mesmo pai, para enriquecer a carga genética da população de antas cariocas. A anta é considerada vulnerável no Brasil, com perigo de extinção na Mata Atlântica. No Rio de Janeiro, essa espécie chegou a ser totalmente extinta há mais de cem anos.
Após o período de aclimatação, Melancia deve ser solta com o macho identificado como Juninho. Castanha permanecerá em outro cercado de aclimatação até atingir a maturidade e ser possível a instalação dos colares de telemetria via rádio. O aparelho serve para monitoramento da atividade das antas na mata.
Durante a pré-soltura, a dieta será gradativamente adequada aos alimentos que os animais encontrarão na natureza. No início, Melancia e Castanha receberão os mesmos itens que comiam em Rio Preto – frutas, sementes e rações -, mas em quantidades menores. “No cercado de aclimatação há muita vegetação à disposição das antas, que se alimentam principalmente das folhas dessas plantas nativas”, afirma Rheingantz.
As antas, conhecidas como “jardineiras das florestas”, desempenham importante papel na preservação e manutenção dos ecossistemas onde vivem, pois, como necessitam de grande quantidade de plantas, frutos e cascas de árvores diariamente, atuam como importantes dispersores de sementes.